Trabalhos de campo e no custo de produção afetam os valores de mercado
Se, por um lado, a seca severa que impera no Brasil castiga algumas culturas, como café e cana-de-açúcar, também é um período de oferta elevada de alguns alimentos, como batata, tomate e cenoura, que ficam em patamares de preços mais baixos.
Deleo lembra que para o período de inverno, as temperaturas estão muito elevadas, mas nem elas e nem a falta de chuva pode ser considerada ainda “atípicas”. Os índices pluviométricos só devem começar a mudar em outubro.
Deleo destaca que as próximas duas semanas serão “chave” para entender quais os rumos que algumas lavouras terão e quais os impactos na precificação. Por enquanto, no segmento das hortaliças, tomate, cenoura, cebola e batata não houve nenhum registro de incêndio, perda de qualidade ou destruição grave das plantas.
“Durante períodos de seca, cada cultura tem seu comportamento, mas a questão é que estamos em um período de colheita de inverno, então falamos principalmente dos cultivos anuais que, em sua maioria, são irrigados. Com isso, não é a falta de chuva apenas que agrava o problema. Períodos excessivamente secos podem afetar as plantas de outras formas. São condições de umidade do ar, do solo que terão de ser analisadas em detalhe nas próximas duas semanas”, enfatiza.
Ele lembra que, desde o ano passado, a cadeia agrícola tem convivido com temperaturas mais altas que o habitual histórico, o que em determinados períodos prejudicou determinadas produções. Mas há alimentos como a cenoura e o tomate que estão com uma oferta maior que a demanda, pois a seca favoreceu a maturação e colheita antecipada, tendo maior produção e maior produtividade.
“A comparação é com o custo de produção do produtor. No caso do tomate, por exemplo, de forma geral, estamos em um cenário de agricultor que investe R$ 200 mil para plantar e tem R$ 150 mil de prejuízo pelo excesso da oferta que condiciona a preços muito baixos”, detalha Deleo.
O especialista salienta que a falta de chuva até o momento não derivou em grandes danos da produção das hortaliças, do tomate e da cenoura, apesar da umidade relativa do ar estar baixa. “Ainda não chegamos no período de calor extremo. Pode ser que, adiante, [acabando o inverno] a seca e o calor extremo desenhem um outro cenário e mude os preços”, falou sem descartar que até o final do ano com as estações de primavera e verão, os alimentos não possam subir.
Enquanto hortaliças não registram grandes danos, ele cita que algumas frutas, como a laranja já sofrem com o quadro climático do momento. Por outro lado, o calor fez com que se acelerasse a colheita de tubérculos, como a batata, gerando uma alta oferta, enquanto a demanda está enfraquecida. Assim, os preços foram caindo mês a mês desde junho.
“A janela de colheita inicia em julho e vai até começo de outubro, mas quando começa esquentar demais em setembro, o pessoal acelera a colheita para não perder a qualidade da batata”, complementa.