Panorama do Agro #ED05

– Indicadores Econômicos –

Boletim Focus do Banco Central – O Relatório de Mercado Focus do Banco Central, divulgado
em 1º/04, mostra que as expectativas do mercado em relação aos principais indicadores econômicos
interromperam a tendência de se tornarem cada vez mais pessimistas, na última semana, com pouca
ou nenhuma mudança em relação à semana anterior.

  • PIB: 3,17% (ante 3,18% na semana anterior)
  • IPCA: 4,81% (igual ao da semana anterior)
  • Taxa de Câmbio (fim de 2021): R$ 5,35/US$ (ante R$ 5,33/US$ na semana anterior)
  • Taxa Selic (fim de 2021): 5% ao ano (igual ao da semana anterior)

IPCA – Em março/2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou aumento geral de 0,93%. No mesmo mês do ano passado, a inflação registrada foi de 0,07%. A inflação geral acumulada no primeiro trimestre do ano é de 2,1%. A tendência de desaceleração da inflação dos alimentos, iniciada em novembro de 2020, permanece pelo quinto mês consecutivo, principalmente na alimentação no domicílio, que teve queda de 0,17% (deflação). Alimentação e bebidas registraram alta de 0,13%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice geral foi de 6,1%, 13,87% em alimentação e bebidas e 17,57% em alimentação no domicílio.

Imagem de exemplo

Gráfico 1 – IPCA – Geral e Grupos (%)

CRA Garantido – MAPA e BNDES lançam nova modalidade de crédito privado para o agro, o
Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) com garantia do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social. O modelo de crédito privado desenvolvido pelo MAPA e
BNDES, com apoio da Farsul, da CNA, da Ecoagro Securitizadora, Banco Alfa e Cooperativa Cotrijal, foi
lançado pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no dia 08/04. É uma das iniciativas sugeridas
pela CNA à agenda estruturante do financiamento para o agronegócio. Essa modalidade consiste em
uma operação estruturada de crédito com o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) feita
pela Cooperativa Cotrijal, cujo lastro é composto por recebíveis emitidos pelos produtores, por meio
de Cédulas de Produto Rural (CPRs). A principal diferença dessa operação é que o BNDES garante
uma parte do risco do investidor, o que faz com que a operação deixe de ter como fator de risco o
produtor e passe a ter o risco BNDES.

– Mercado Agrícola –

Milho – Importações ampliam no primeiro trimestre de 2021, mas ainda são insuficientes. Nos três primeiros meses de 2021, o Brasil importou 681 mil toneladas de milho. O volume é quase o dobro do importado no mesmo período de 2020, mas suficiente para abastecer apenas 16 dias de consumo dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina juntos. No dia 19/10/2020, o Governo brasileiro zerou a Tarifa Externa Comum (TEC) de importação de milho (NCM 1005.90.10), com o objetivo de facilitar a entrada do cereal de fora do Mercosul e amenizar os aumentos dos preços. No entanto, houve apenas importações pontuais dos EUA e da África do Sul. O Paraguai foi responsável por 99,9% do volume de milho importado entre novembro de 2020 e março de 2021. Já os preços na B3 atingiram, em 06/04, a marca histórica de R$ 100/saca. Desde o início de 2021, o contrato com vencimento em maio já acumula alta de R$ 20/saca. Os preços internacionais também estão em alta e o contrato de maio na CME fechou o dia 08/04 cotado a US$ 5,79/bushel, alta acumulada de 17,6% em 2021.

Algodão – Março encerra com embarques recordes.

As exportações de algodão, tradicionalmente concentradas no segundo semestre do ano, tiveram bom desempenho no início do ano. O Brasil tornou-se fornecedor de pluma, que garante a entrega nos 12 meses do ano. Nos três primeiros meses de 2021, o volume de algodão em pluma exportado soma 731 mil toneladas, 18% superior ao mesmo período de 2020. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA) estima os embarques em 2,3 milhões de toneladas no calendário safra, que vai de julho/2020 a junho/2021. Desse total, já foram embarcado 2 milhões de toneladas. Os países asiáticos são os principais destinos da pluma brasileira, com destaque para a China, que representa 32% do total embarcado.

Grãos – Conab estima produção de 273,8 milhões de toneladas para a safra 2020/21.

De acordo com o 7º levantamento de safra da Conab, divulgado no dia 08/04/21, a produção brasileira de grãos deverá crescer 16,8 milhões de toneladas na safra 2020/2021 em relação à safra 2019/2020 (+6,5%) e 1,6 milhão em relação à última estimativa. Em relação à 2019/2020, o aumento é esperado, principalmente, para a soja e o milho 2ª safra. A Conab estima produção de 135,5 milhões de toneladas de soja (+8,6%) e 109 milhões de toneladas de milho (+6,2%), com 24,5 milhões de toneladas a serem colhidas na primeira safra (-4,6%) e 82,6 milhões de toneladas (+10,1%) na segunda safra. Para o algodão em pluma, a produção está estimada em 2,49 milhões de toneladas, 16,9% menor que a safra 2019/2020 e 0,6% inferior à última estimativa.

Grãos – USDA reduz estoques finais de milho projetados para a safra 2020/2021.

A alteração veio em função do aumento de 4,5 milhões de toneladas no consumo de milho mundial projetado para a safra 2020/2021. O relatório mensal World Agricultural Supply and Demand Estimates (WASDE) foi divulgado no dia 09/04 e a revisão do consumo de milho foi concentrado basicamente nos EUA, com maiores expectativas para o consumo de rações e etanol, que juntos foram revisados em 2 milhões de toneladas. O consumo brasileiro também foi revisado em 500 mil toneladas e é projetado em 70,5 milhões de toneladas. Para a soja, o destaque do relatório foi a queda da estimativa de consumo chinês na safra 2020/2021. O USDA cortou em 2 milhões de toneladas o crushing chinês de soja, que passou a ser estimado em 114,7 milhões de toneladas. A justificativa está na redução do acompanhamento mensal do esmagamento nos últimos meses. Apesar da redução, as importações chinesas de soja foram mantidas em 100 milhões de toneladas.

Café – Preço do Indicativo Composto da OIC atinge maior média mensal desde setembro de
2017.

Em março/2021, o Indicativo Composto da OIC registrou a maior média mensal desde
setembro/2017, correspondendo a 120,36 centavos de dólar por libra-peso. As cotações do arábica e
do robusta tiveram fortes oscilações durante o mês de maio, influenciadas pelas incertezas quanto à
regularidade do abastecimento e da demanda, devido às restrições trazidas pela pandemia de Covid19. No entanto, eventos climáticos que comprometeram a produção em importantes origens deram
sustentação ao mercado e mantiveram a tendência de alta pelo quinto mês consecutivo. Para a
temporada 2021/2022, traders apontam déficit histórico de 11,6 milhões de sacas. A Volcafé estima
que o desequilíbrio de oferta e demanda se dará, principalmente, pela quebra da safra brasileira de
arábica. As projeções da trader internacional condizem com as informações divulgadas esta semana
pela Cooxupé, maior cooperativa de café no mundo, que prevê redução de 35% no recebimento de
café para esta safra.

Café – No dia 07/04, o Ministério da Agricultura publicou os novos preços mínimos para os cafés arábica e conilon.

O novo preço mínimo para o arábica foi estabelecido em R$ 369,40/saca, aumento de 1,46% em relação ao preço vigente. Já para o café conilon, o valor estabelecido foi de R$ 263,93/saca, alta de 8,92%. Os novos valores entraram em vigor com a publicação da Portaria Nº 77, de 7 de abril de 2021 e estarão vigentes até 31 de março de 2022.

– Mercado Pecuário–

Balança comercial – Nessa semana, a COMEX/Ministério da Economia divulgou os resultados da Balança Comercial.

Carne bovina: Com maior volume embarcado para o mês de março desde 2007, o Brasil exportou mais de 210 mil toneladas equivalente de carcaça, ou US$ 711 milhões. O maior volume embarcado foi de carne bovina in natura congelada. O destaque entre os países consumidores se mantém na China, que representou 42% do volume embarcado. No acumulado do ano, o volume embarcado ainda é 0,67% menor que no mesmo período de 2020 e 0,15% menor quando avaliado o montante financeiro. Frango: O volume embarcado de carne de frango atingiu 1,006 milhão de toneladas em 2021, superando 2020 em 0,34%. Porém, devido a menor remuneração por tonelada de produto embarcado, o Brasil ainda registra queda de 5,59% no faturamento. Suínos: Grande destaque para a China novamente, que representou 54% do volume embarcado no primeiro trimestre/2021. O volume total embarcado, em 2021, ultrapassa em 21% o volume embarcado no mesmo período de 2020. Em relação ao faturamento, o Brasil supera em 22% o valor embarcado no mesmo período de 2020.

INFORME SETORIAL

Política Agrícola – No dia 05/04, a Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA debateu a consulta pública aberta pelo Banco Central sobre adoção de critérios de sustentabilidade nas operações de crédito
rural. A consulta pública 82/2021-BCB foi aberta no dia 11/03 e contempla duas propostas de atos normativos que preveem um conjunto de critérios que poderão ser considerados na definição de quais
operações de crédito rural serão classificadas como sustentáveis, com base em parâmetros socioambientais. A CNA ainda está elaborando posicionamento sobre o tema para enviar ao Banco Central.
1. Comissão de Política Agrícola discute consulta pública aberta pelo Banco Central, sobre
critérios de sustentabilidade aplicados às operações de crédito rural.
2. Comissão de Desenvolvimento da Região Norte debate a regularização fundiária, por meio do
Programa “Titula Brasil” e da metodologia “Fit for Purpose”.
3. CNA realizou live sobre o Programa Regularize Tributário da PGFN.
4. CNA e CONAB discutem ações para manutenção do Programa de Venda em Balcão de milho em
2021.
5. CNA e Ministério da Economia dialogam sobre rotulagem ambiental para o café brasileiro.
6. CNA e SENAR discutem com a Embrapa ações para manutenção da qualidade da pimenta-doreino nacional.
7. CNA e associações do setor de energia se reúnem com a Secretaria de Inovação do Ministério
da Agricultura para debater ações para o setor agropecuário.
8. Grupo Técnico de Sanidade do Sistema CNA discute a atuação dos estados na concessão do
Selo Arte e uma proposta de Projeto de Lei que regulamentará a expansão do Selo para
produtos de origem vegetal e bebidas.

Região Norte – No dia 07/04, a Comissão Nacional de Desenvolvimento da Região Norte da CNA debateu
com Incra a regularização fundiária em terras da união e os projetos da reforma agrária, além da
metodologia “Fit por Purpose”, com a empresa internacional Kadaster. O presidente do Incra, Geraldo Melo, afirmou que o órgão deve emitir, em 2021, mais de 130 mil títulos definitivos e provisórios em glebas públicas federais e assentamentos da reforma agrária, sendo que 80.427 serão nos estados da Amazônia Legal. Destacou também o Programa Titula Brasil, que visa agilizar os processos de emissão de títulos por meio de Acordos de Cooperação Técnica com prefeituras e já foi aderido por 567 municípios no Brasil. Além disso, a consultoria Kadaster apresentou a metodologia “Fit For Purpose”, que tem como objetivo a regularização e a formalização das propriedades de uma maneira rápida, digital e com um custo viável. A ideia pode ser adaptada para munícipios da região Norte que possuem áreas da União para regularizar.

Dívidas Rurais – No dia 07/04, a CNA realizou uma live para apresentar aos produtores o Programa
Regularize Tributário, da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). O Programa permite o
parcelamento das dívidas inscritas na DAU, em alguns casos, com descontos. Possibilita a regularização de
débitos financeiros, fundiários e tributário (ITR e Funrural, além dos demais tributos federais). A adesão dos contribuintes deve ser feita até o dia 30/09.

Milho – Conab e CNA discutem ações para manutenção do Programa de Venda em Balcão em 2021. Os
baixos estoques públicos de milho têm acendido um alerta em relação à manutenção do Programa de
Venda em Balcão. A CNA e a Conab têm discutido propostas para garantir o acesso do pequeno produtor
rural ao milho, principalmente para a região Nordeste do País. A principal sugestão é a liberação de compra governamental de milho por meio de leilão público, para garantir a oferta do cereal às regiões que mais têm sofrido com o aumento dos preços.

Café – Ministério da Economia e CNA dialogam sobre rotulagem ambiental para o café brasileiro. A
Comissão Nacional do Café da CNA se reuniu essa semana com representantes do Ministério da Economia
para discutir iniciativas de promoção da sustentabilidade do café brasileiro. O projeto que está sendo
conduzido pelo Ministério da Economia em parceria com a ONU, em cumprimento às diretrizes da OCDE,
objetiva promover a rotulagem ambiental em diferentes elos do setor, fomentando a produção e o
consumo sustentável.

Pimenta do reino – Sistema CNA/SENAR discute com a Embrapa ações para manutenção da qualidade da
pimenta-do-reino nacional. Diante das verificações de inconformidade da especiaria produzida no Brasil,
principalmente por Salmonella spp. em cargas enviadas para a União Europeia, a CNA e o Senar se reuniram com pesquisadores da Embrapa para discutir estratégias de transferência de informação relacionadas às boas práticas de produção. O objetivo é trabalhar junto aos produtores na melhoria das práticas de colheita e pós-colheita do produto para que ele seja mais bem valorizado no mercado internacional. Materiais informativos serão elaborados em conjunto pelas entidades.

Energia – CNA e associações do setor de energia se reuniram com a Secretaria de Inovação do Ministério da Agricultura para debater ações para o setor agropecuário. Em reunião entre CNA, Absolar e SDI/MAPA, foram discutidas ações para maior inserção das fontes alternativas e renováveis de energia no setor agropecuário. Além da construção de um plano setorial e criação de um marco regulatório, foram debatidos também os ajustes no crédito rural para que a geração de energia tenha uma participação mais efetiva na agropecuária.

Selo Arte – No dia 07/04, o Grupo Técnico de Sanidade da CNA se reuniu para discutir a atuação dos estados na concessão do Selo Arte e uma proposta de Projeto de Lei que regulamentará a expansão do Selo para produtos de origem vegetal e bebidas. Os representantes das Federações de Agricultura relataram as
principais dificuldades na concessão do Selo Arte, como as exigências dos órgãos de defesa estaduais e os
recursos necessários para adequação. Frente aos relatos, a CNA informou que está organizando, para maio, um webinar com a participação de todos os órgãos de defesa estaduais para alinhamento sobre as
exigências e a forma de fiscalização para a concessão do Selo Arte.

Fonte: CNA

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