Mercado de fertilizantes segue lento no Brasil

As compras para a safra atual (2023/24) ainda estão atrasadas e o produtor segue esperando patamar de preços mais atrativos, diante de uma queda nos valores das commodities.

Apesar deste ano ser um período de recuperação para o mercado de fertilizantes, as negociações seguem atrasadas para a safra 2023/24. Muitos produtores ainda não compraram os produtos e as últimas oportunidades são os próximos dias de setembro, diz a analista da Safras & Mercado, Maísa Romanello.

Os impactos de 2021 e 2022 na alta de preços e oscilações da demanda já não deveriam ser refletidos no mercado brasileiro, no entanto agricultores seguem esperando patamares menores nos valores do pacote NPK para compensar preços menores das commodities, especialmente do milho.

No caso do cereal, a relação de troca está desfavorável no momento, já que a ureia – principal adubo para o milho – chegou a subir 20% nas últimas semanas e oscilou US$ 500 a US$ 510 por tonelada.

Como analisa Romanello, essa equação atrapalha a conclusão das compras e “desestimula o consumo de fertilizantes”, como detalhou a especialista.

Agosto era o mês chave para concluir a comercialização de adubo para a safra 2023/24, o que não aconteceu no país. Estados como São Paulo e Minas Gerais são exemplos dos atrasos das compras e, consequentemente, das entregas de produto.

“Do lado da demanda, temos uma concentração das compras neste segundo semestre. Os produtores agrícolas esperaram os preços baixarem mais, por isso há compras atrasadas em relação aos anos anteriores e concentradas nos próximos seis meses”, explicou Romanello.

A projeção da analista de mercado é que no final de setembro e início de outubro os preços estejam melhores para o mercado interno, porém o adubo desta safra não pode demorar mais para ser adquirido, pois haverá problemas no tempo e na logística das entregas de insumos necessários para o ciclo atual.

Se a movimentação permanecer lenta, outubro pode indicar a falta de adubo no mercado, conforme alerta Romanello. “Para o próximo mês, os fornecedores estarão focados em atender os volumes finais acordados para safra 2023/24 e isso pode ditar indisponibilidade de produto”.

Em relação às transações globais, as licitações da Índia com fornecedores para compra de fosfato diamônico (DAP) devem ser concluídas em outubro e, como em outras ocasiões, podem refletir para altas no preço para o Brasil.

As projeções voltam a melhorar em novembro, quando os estoques para segunda safra devem ser restabelecidos, porém com preços mais altos no mercado interno. Romanello, no entanto, revela que incertezas são esperadas principalmente por causa do milho.

Novembro e dezembro também são meses de diminuição nas transações no mercado de fertilizantes, o que impacta na redução dos preços e se converte em oportunidade para compras para segunda safra e recomposição dos estoques.

Confira os fatos que impactaram o mercado de fertilizantes

  • Elevados preços das matérias-primas e gargalos logísticos, reflexos das consequências da pandemia, marcaram 2021.
  • Nesse mesmo ano, questões climáticas, como furacões nos Estados Unidos mais graves afetaram a oferta de fosfatados, enquanto enchentes na China atrapalharam a disponibilidade de matérias-primas, como carvão.
  • Questões geopolíticas vieram para completar um cenário de baixa oferta de fertilizantes, como as sanções da União Europeia (UE) à Bielorússia levaram à redução de oferta de fertilizantes potássicos, porque o país é um grande produtor do ativo.
  • Do lado da demanda, as commodities agrícolas em ótimos patamares levaram às boas relações de trocas e um consumo recorde de fertilizantes em 2021. A menor oferta foi compensada pela demanda recorde, porém foi responsável pelos aumentos de preços dos nutrientes.
  • Em 2022, a expectativa era de maior oferta, mas o mês de fevereiro marcou o início da Guerra entre Rússia e Ucrânia e afetou a oferta do pacote NPK. Mesmo a Rússia conseguindo exportar fertilizante, os temores do Brasil pela falta do produto movimentou os preços, que bateram recordes durante o ano passado.
  • O Brasil foi buscar outros fornecedores e negociações com outros países foram ampliadas em 2022. Além disso, a formação de estoques começou a acontecer já no primeiro semestre do ano passado.
  • As quantidades de importação foram grandes, apesar dos preços elevados, enquanto a demanda não sustentou os preços recordes em 2022. O consumo poderia ter sido ainda menor, não fosse os bons preços das commodities, que amenizaram esse problema.

Fonte: Globo Rural

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