“Se enganam aqueles que pensam que o governo vai fazer mais ou menos porque tem problemas ou não com o agronegócio”, disse
Em um gesto em direção ao agronegócio brasileiro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta terça-feira (27/6) o plano de financiamento da agropecuária no país. O Plano Safra 2023/2024 terá R$ 364,22 bilhões em créditos rurais para médios e grandes produtores – 27% a mais que nos 12 meses anteriores.
Segundo o Planalto, R$ 272,12 bilhões serão destinados para financiar custeio e comercialização, com taxas de juros de 8% ao ano para médios produtores e 12% para os demais. Outros R$ 92,1 bilhões serão para investimentos, com taxas entre 7% e 12,5% ao ano, a depender do programa. Em relação aos juros, R$ 101,5 bilhões serão emprestados com taxas subsidiadas pelo Tesouro Nacional.
O presidente Lula aproveitou a apresentação em Brasília para tentar reforçar a boa relação do governo com o agronegócio, setor conhecido por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se enganam aqueles que pensam que o governo vai fazer mais ou fazer menos porque tem problemas ou não com o agronegócio brasileiro. A cabeça de um governo responsável não age assim, não tem a pequenez de ficar insuflando o ódio entre as pessoas”, disse o presidente da República.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também fez um aceno ao setor quando agradeceu à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) por seu apoio “a iniciativas no sentido de destravar a economia brasileira”. Após o evento, a FPA divulgou uma nota em que reconhece “o esforço do governo federal na constituição do novo Plano Safra 23/24” e disse que aguarda o lançamento do Plano Safra para Agricultura Familiar, agendado para a próxima quarta-feira (28/6). Lula antecipou que serão cerca de R$ 75 bilhões para o segmento.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, disse que a intenção do governo é tornar o Plano Safra um grande indutor de práticas voltadas à sustentabilidade. “Quando Lula diz que o Brasil pode ser exportador de sustentabilidade, os senhores podem ser a linha de frente dessa exportação”, afirmou a ministra.
Na prática, o Plano Safra 2023/24 oferecerá redução de 0,5 pontos percentuais nas taxas de juros para produtores que adotam práticas sustentáveis, tais como produção orgânica, uso de energia renovável na avicultura e aplicação de bioinsumos. Também terão direito à redução de 0,5 p.p. os agricultores e pecuaristas que estiverem em dia com o Cadastro Ambiental Rural.
“O cerne é a sustentabilidade. É aí que vamos crescer, ganhar mais mercado e criar oportunidades”, disse o ministro da agricultura Carlos Fávaro.
O ministro aproveitou o lançamento do plano para criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo Fávaro, é difícil equalizar o Plano Safra com uma taxa básica de juros de dois dígitos. “Qual é o sentido que faz uma Selic a 13,75%? O que ele pensa do emprego e do crescimento? O Brasil não pode ficar refém de uma pessoa que não tem compromisso com o desenvolvimento econômico”, disse.
FONTE: JOTA
