Tom Prado: “Se O Governo Quer Criar Emprego, Incentive A Fruticultura”
Em “live” com o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o CEO da Itaueira Agropecuária e coordenador do Comitê Técnico de Fitossanidade da CNA revela números surpreendentes sobre a produção nacional dos hortifrutis.
Setor que produz, anualmente, o equivalente a R$ 57 bilhões, dos quais R$ 38 bilhões só em frutas, a hortifruticultura brasileira ocupa área cultivada de 2,5 milhões de hectares, dando emprego a cinco milhões de pessoas em todo o País, a maioria das quais na atividade da horticultura, que chega a empregar até 20 pessoas por hectare.
“Assim, se o governo quiser gerar mais emprego e renda no interior do Brasil, principalmente na região Nordeste, o caminho será o do incentivo a essa atividade”, disse o empresário cearense Tom Prado, CEO da Itaueira Agropecuária, coordenador do Comitê Técnico de Fitossanidade da CNA, diretor do Lide Agronegócios do Ceará e vice-presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC).
Graduado em administração de empresas pela Unifor e em engenharia de produção pela UFC, Tom Prado participou ontem à noite, durante uma hora, de uma “live” com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.
Transmitida pelo canal FGV Agro, da Fundação Getúlio Vargas, no YouTube, a conversa foi uma tempestade de valiosas informações e comentários sobre a hortifruticultura do Brasil, atividade que cresce na velocidade do frevo graças à alta tecnologia que emprega, mas ainda enfrentando dificuldades, principalmente de comunicação.
Tom Prado chamou a atenção do governo para o Nordeste, onde há grandes áreas, ainda inexploradas, com clima e solo propícios para o desenvolvimento da hortifruticultura. “A região tem 30% da população do País, mas representa só 13% do PIB. Se o governo quiser mudar esses porcentuais para melhor, um dos caminhos é incentivar essa atividade; será um tiro certo, pois gerará milhares de novos empregos”, disse Prado.
O ex-ministro Roberto Rodrigues elogiou a qualidade da mão de obra nordestina e surpreendeu-se quando Tom Prado lhe transmitiu novas informações, entre elas, as seguintes:
“O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, mas fica entre o 23° e o 30º colocado na exportação. Exportamos, em 2019, apenas US$ 890 milhões em frutas frescas”, revelou Tom Prado.
Aí, Rodrigues quis saber quais são as frutas exportadas, e Prado respondeu:
“Primeiro, a manga, que é produzida no Nordeste; segundo, o melão e a melancia, também produzidos no Nordeste; terceiro, uva de mesa (a uva para vinho é produzida no Sul), também nordestina. São as três frutas mais exportadas pelo Brasil e produzidas no Nordeste, que é mesmo uma região vocacionada para a fruticultura. Em quarto lugar, o limão, o mamão em quinto, a maçã em sexto, a banana em sétimo e o abacate em oitavo”.
Tom Prado foi interrompido pelo seu interlocutor: “Curioso que a banana esteja em sétimo lugar, sendo a fruta mais consumida no mundo”, comentou Roberto Rodrigues, que ouviu outra informação surpreendente:
“O maior exportador brasileiro de banana encontra-se no Nordeste, é uma produção localizada no Ceará. A bananicultura é uma atividade que poderia gerar milhares de empregos, mas falta um ‘incentivozinho’ governamental, uma negociação de quota com a Comunidade Econômica Europeia, falta um entendimento melhor de como essa produção é sustentável. Por exemplo, aqui no Nordeste, cujo clima é seco, não há um só fungo que seja natural dessa cultura. Na Costa Rica, fazem-se 52 pulverizações aéreas por ano, ou mais. Aqui no Brasil, é uma ou duas por ano. E mesmo assim, pasme: o Estado do Ceará, onde está a empresa que é a maior exportadora nacional, foi proibida de fazer pulverização aérea”.
Tom Prado abordou, ao longo da conversa, os avanços tecnológicos da fruticultura brasileira, cujas empresas investiram e seguem investindo muito em pesquisas biogenéticas; na importação de novas sementes; na irrigação por gotejamento e administrada por sensores, reduzindo ao mínimo o uso da água; na utilização de georreferenciamento para o rastreamento dos produtos; na proteção da área plantada, resguardando-a da invasão de insetos, com o que se diminui o uso de defensivos; em novas embalagens, enfim, em um conjunto de iniciativas que tornaram os produtos da hortifruticultura brasileira “seguros, saudáveis e saborosos”, concluiu ele.
Fonte: Escrito por Egídio Serpa, egidio.serpa@svm.com.br