Em Minas Gerais, um dos grandes desafios para produtores rurais ainda é a baixa conectividade no campo
Dia 25 de fevereiro é comemorado o Dia do Agronegócio. O setor é um dos mais importantes por promover o desenvolvimento social, a economia e ser fundamental no abastecimento dos mercados nacional e internacional. No Brasil e em Minas Gerais, o setor ao longo das últimas décadas avançou expressivamente, alavancado pelas pesquisas e dedicação dos produtores rurais que estão sempre em busca de tecnologias e inovações.
O uso de drones, a inteligência artificial, a agricultura de precisão, a irrigação inteligente e a automação são exemplos de ferramentas indispensáveis para a gestão eficiente de recursos, redução de custos, aumento da competitividade e ganhos financeiros.
O gerente-executivo no Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), entidade que integra o Sistema Faemg Senar, Bruno Rocha, explica que o avanço tecnológico no agronegócio é crescente em Minas e inclui desde mudanças de processos ao cuidar das terras, passando pelas tecnologias de sementes mais adaptadas ao clima, pelo uso da irrigação até as tecnologias digitais.
“Há décadas, o Brasil passou de um importador de produtos agropecuários para ser hoje um grande player exportador. Isso é muito derivado de tecnologia. E, essa tecnologia do agronegócio, vem sendo implementada, principalmente, por conta da tropicalização, das novas formas de produzir alimentos no Brasil”.
Pesquisas
Rocha destaca que o avanço ocorre muito em função das pesquisas feitas pelas entidades como a Embrapa, a Epamig, assim como as universidades. As tecnologias que cada vez mais são adotadas pelos produtores rurais vão desde as formas de trabalhar melhor a terra, passando pelas técnicas de irrigação, ao uso de sementes mais adaptadas ao nosso clima até as tecnologias digitais que incluem a inteligência artificial (IA) e a agricultura de precisão, por exemplo.
“Essa agricultura hoje chamada de 4.0, surgiu como 1.0 em algum momento, onde a agricultura era mais rudimentar, depois passou para 2.0, em determinado momento se transformou com o uso das tecnologias de informação e comunicação que é a 3.0, até chegar na agricultura 4.0, que é esse universo que vivemos agora, de integração de tecnologias avançadas”, acrescentou Rocha.
Uso de tecnologias avança no agronegócio de Minas Gerais
Nas terras mineiras, a agricultura 4.0 ganha cada vez mais espaço, o que é fundamental para ampliar a produção de forma eficiente e sustentável. Rocha explica que os avanços são diversos e os produtores de Minas têm investido, cada vez mais, na tecnificação das propriedades.
“Temos aí a Internet das Coisas – que são os dispositivos conectados -, a Big Data, que são grandes massas de dados que são trabalhadas. Temos ainda a automação, a parte de sensoriamento remoto com o imageamento de satélite, os drones, a conectividade – que é extremamente importante para tudo isso. Mais recentemente, trabalhamos com a inteligência artificial. Hoje, a IA é a tecnologia que está mais em evidência, talvez seja, ao meu ver, a mais promissora para a agricultura”, revela.
Conforme Rocha, o uso da agricultura 4.0 tem avançado significativamente no campo. Isso porque o produtor tem, hoje, mais condições de traçar cenários e tomar decisões mais assertivas, mitigando os riscos.
O uso das tecnologias está disseminado em todas as culturas do Estado, como soja, café, milho, trigo, pecuária de corte, de leite, avicultura, suinocultura, entre outras.
Agricultura de precisão
Entre as diversas tecnologias que vêm ganhando espaço no campo está a agricultura de precisão, que consiste na coleta de dados, planejamento e aplicação de insumos e outras técnicas conforme a demanda específica de cada área. A tecnologia traz resultados muito positivos, como aumento da produtividade, uso eficiente de insumos e maior preservação do meio ambiente.
Conforme explica o gerente-executivo do Inaes, é fundamental hoje que o produtor tenha eficiência em todos os processos e a agricultura de precisão é uma ferramenta que gera resultados positivos.
“O produtor rural precisa ser assertivo. Na aplicação de insumos, por exemplo, é importante ser o mais econômico possível, reduzindo perdas e aplicando apenas o suficiente. Assim, é possível ter uma redução dos custos de produção, aumentando as chances de obter maior rendimento”.
Com o avanço das tecnologias no campo e maior adoção por parte do produtor, a tendência é que, com o tempo, se perca a visão do hectare no campo. “Através da evolução dos pacotes tecnológicos, a gente vai partir para uma visão do metro. Pela análise de solo georreferenciada, teremos um mapeamento do solo da propriedade. Acoplando as informações ao maquinário, o equipamento vai aplicar exatamente a quantidade e o teor do nutriente necessário para o solo naquele local onde ela está passando. Isso é economia. Isso é agricultura de precisão”, confirma.
Desafios ainda são grandes para a expansão mais acelerada da tecnologia no campo
O avanço da tecnologia no campo é uma realidade, porém, há uma grande diferença na aplicabilidade entre os produtores, principalmente, quando se compara os pequenos com os grandes. Conforme Bruno Rocha, é preciso avançar em alguns gargalos. Entre os principais estão a falta de conectividade do campo, as dificuldades de acesso às informações e a falta de recursos financeiros para investimentos, que são constantes e caros.
“Um dos principais gargalos é o financeiro. É preciso ter linhas específicas de crédito para investimento em tecnologias de ponta. O agronegócio precisa disso, porque são aportes caros”.
Outro problema presente no campo é a falta de conectividade, uma vez que há grandes áreas descobertas de sinal de telefone e internet. “A conectividade no meio rural é baixíssima. Entendemos o lado das operadoras pelo campo ser uma área de pouco adensamento. Mas, nossa expectativa é que o gargalo seja resolvido com outras soluções, como o uso de satélites”.
Fonte: DiariodoComercio