A cooperativa paranaense C.Vale esteve em franca ascensão financeira nos últimos anos, embora o volume de produtos recebidos em 2022 tenha sido afetado por problemas climáticos. Uma das maiores unidades agropecuárias na América Latina, ela concentra recebimentos de milho, soja e mandioca, além de produções de carne suína, frango, leite e ovos, que lhe renderam um faturamento total de R$ 22,7 bilhões no ano passado, mais que três vezes maior que os R$ 6,9 bilhões obtidos em 2017. O resultado ainda ficou 30,4% acima de 2021.
Veja um raio-x completo sobre a C.Vale:
Balanço financeiro mostra desempenhos positivos para receita, resultado líquido e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 2022.
No quadro de funcionários e associados também houve evolução nos números, que passaram de 26 mil entre os associados, com mais de 13 mil trabalhadores na cooperativa.
Agrícola
Em uma somatória de todos os produtos agrícolas recebidos pela C.Vale em 2022, houve queda de 10,6% no volume, causada por condições climáticas adversas em algumas culturas. O mesmo aconteceu nos anos de 2018 e 2019, que também marcaram recuos, de acordo com a cooperativa.
Ainda assim, o patamar de recebimento obtido no ano passado supera em 1 milhão de toneladas o volume que era praticado em 2013, por exemplo.
No detalhamento entre os grãos, é possível identificar que a soja foi a grande responsável por pressionar os volumes entregues pelos cooperados à C.Vale em 2022, com redução de 42,8% comparada ao ano anterior.
Vale lembrar que, no ano passado, a região Sul foi duramente afetada pelo fenômeno climático El Niño, que gerou perdas em lavouras de diversas cidades.
Por outro lado, o milho contribuiu para evitar que a redução nos recebimentos de grãos da C.Vale fosse mais expressiva no ano passado. O volume entregue pelos cooperados saltou mais de 46%, embora seja relacionado com uma base comparativa baixa. A cooperativa destacou que, em 2021, o cereal também foi afetado por problemas climáticos.
Entre as diversificadas atividades da cooperativa está o recebimento de mandioca para o beneficiamento em indústrias chamadas de amidonarias. Esse processo leva à fabricação de amido que é fornecido aos setores de papel e celulose, têxtil e alimentício.
Nos resultados mais recentes, o pico de recebimento foi visto em 2015, quando atingiu 144 mil toneladas. Desde então, a trajetória foi marcada por altos e baixos relacionados tanto a questões mercadológicas, quanto climáticas.
Frango
Carro-chefe no segmento de proteína animal da C.Vale, a venda de carne de frango vem em uma crescente ao menos desde 2013. O ritmo de avanço foi mais intenso até 2019 e desde 2020 ainda se mantém em alta, embora a passos mais curtos, chegando a 383,1 milhões de toneladas no ano passado.
Para este nivel de carne comercializada, a cooperativa conta com aviários que também só aumentaram de número nos últimos anos.
Há os chamados “aviários de campo” climatizados, onde a temperatura e o fornecimento de alimentação e água são gerenciados por equipamentos informatizados. Com isso, a expectativa é que as aves possam crescer livres de estresse ou outras perturbações externas.
Ainda na avicultura, o volume de pintinhos entregues teve redução somente em 2018, e em seguida continuou em sua jornada ascendente, que somou 150,8 milhões de unidades no ano passado.
Já a produção de ovos, avançou até alcançar um pico em 2018 e de lá para cá vem caindo gradativamente. O encerramento de uma parceria com a companhia Gralha Azul, seguido por uma mudança na linhagem das aves foram fatores relevantes neste movimento de baixa.
Outras proteínas
A produção de carne industrializada da C.Vale vinha em uma crescente desde 2013, mas interrompeu essa tendência no ano passado, quando caiu pouco mais de 3%. O pico foi registrado em 2021, com 50,6 mil toneladas.
O volume de suínos vivos produzido foi menor em 2022, ao atingir 52,4 mil toneladas, depois de ter alcançado uma máxima no ano anterior, apoiado pela Frimesa na industrialização e pela entrada de novas granjas na operação.
Na pecuária leiteira, a C.Vale vem tentando se recuperar desde 2019, quando atingiu o menor patamar da série histórica desde 2013. Em seu melhor cenário, a produção de leite da cooperativa chegou a bater 20 milhões de litros em 2015, e mesmo com a reação gradativa que vem acontecendo desde a mínima, o volume do ano passado ainda ficou na casa dos 16 milhões de litros.
O abate de peixes, em contrapartida, vai bem. O abatedouro foi inaugurado em outubro de 2017, com um volume inicial de abate de 75 mil tilápias por dia, e capacidade de 150 mil tilápias por dia.
E para sustentar tanto os peixes quanto os frangos, a C.Vale mantém uma operação de produção de rações, que alcançou o pico de 790,9 mil toneladas fabricadas no ano passado.