Embarques caíram 1,3%, para US$ 5,67 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura.
As exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 5,67 bilhões em janeiro, montante 1,3% menor que o do primeiro mês de 2020. O comportamento foi consequência direta do forte recuo no período das vendas de soja em grão, causado pelos baixos estoques de passagem e pelo atraso na colheita da safra nacional. O produto, carro-chefe do Brasil no mercado externo, não aparece nem entre os cinco mais vendidos nos primeiros 31 dias do ano. A lista é liderada pelas carnes, único segmento em que os embarques renderam mais de US$ 1 bilhão no período.
“A queda nas exportações de soja em grão, de quase meio bilhão de dólares, explica o recuo das exportações do agronegócio no mês de janeiro”, diz nota do Ministério da Agricultura. Em janeiro de 2020, o Brasil exportou 1,4 milhão de toneladas da oleaginosa e, neste ano, o volume foi de apenas 49 mil toneladas, redução de quase 95% no volume embarcado de soja em grãos. O faturamento de US$ 505 milhões caiu para US$ 23 milhões.
Em janeiro de 2021, os cinco principais segmentos exportadores do agronegócio brasileiro foram carnes, produtos florestais, complexo sucroalcooleiro, cereais, farinhas e preparações e café. O complexo soja (grão, farelo e óleo) caiu de US$ 874,31 milhões em janeiro de 2020 para US$ 484,07 milhões no mês passado. As exportações de farelo de soja aumentaram em janeiro, influenciadas pela elevação de 27,2% dos preços médios, já que os volumes permaneceram praticamente os mesmos registrdos em janeiro de 2020.
Para o Ministério da Agricultura, o movimento constata uma “desconcentração das exportações brasileiras do agronegócio” na comparação entre os meses de janeiro de 2020 e 2021.
O setor de carnes exportou US$ 1,15 bilhão, ainda assim 14% abaixo da cifra alcançada em janeiro de 2020. As vendas externas das três principais carnes exportadas diminuíram: carne bovina (-11,3%), com US$ 547,80 milhões e 126,20 mil toneladas vendidas; frango (-18,8%), com US$ 423,9 milhões e 283 mil toneladas; e carne suína (-11%), com US$ 145,21 milhões e 62 mil toneladas. “A China liberou estoques de carne suína congelada para regulação de oferta e preços internos, afetando a demanda do país por importados, provavelmente afetando os resultados descritos”, ponderou o ministério.
A queda das exportações de soja em grão foi compensada, em parte, pelo aumento do valor exportado de quatro produtos: milho (+42,5% ou acréscimo de US$ 148,96 milhões em valores absolutos), açúcar de cana em bruto (+35,6% ou US$ 141,06 milhões a mais em valores absolutos), café verde (+30,2%, US$ 108,05 milhões) e farelo de soja (+28,3%, ou aumentode US$ 99,17 milhões em valores absolutos).
A Ásia foi o principal destino das exportações no período, com US$ 2,43 bilhões, queda de 13,5% em relação a janeiro de 2020. Os produtos que mais influenciaram nessa retração foram soja em grãos e carne de frango in natura. Por outro lado, o Brasil vendeu mais açúcar de cana e fumo não-manufaturado. Já para a União Europeia, segundo maior bloco importador, houve aumento de 11,7% dos embarques na comparação com o primeiro mês de 2020.
Mesmo com a mudança na balança comercial, a China continua como principal país importador do agronegócio brasileiro, com US$ 948,6 milhões, cifra 36,2% menor que a de janeiro de 2020. A queda foi influenciada pela diminuição das vendas de soja em grãos e celulose, o que resultou na perda de participação relativa do país, que passou de 25,9% para 16,7%. Na sequência ficaram Estados Unidos, Indonésia e Países Baixos.
As importações de produtos do agronegócio, por sua vez, aumentaram 6,5%, passando de US$ 1,22 bilhão em janeiro de 2020 para US$ 1,30 bilhão em janeiro de 2021.
Fonte: Valor Globo